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1 de outubro de 2010

Artista trabalha???

É amigos, com a eleição perto de seu desfecho, mesmo que parte dele talvez só no segundo turno, o fato é que não dá mais pra se esquivar de todo o clima que envolve o pleito e aquela inquietação e ansiedade em prol de seus candidatos ou mesmo repúdio de parte da sociedade para com esse momento democrático. E que bom que alguns não gostam, pois mostra que até isso é democrático.

Contudo, as propostas apresentadas, no fritar dos ovos, soam quase idênticas e se repetem ao longo dos anos e com poucas inovações. Jargões como “gente da gente”, “esse é do povo” e o mais novo “candidato ficha limpa”, estão entre os mais repetidos. Nessas horas tenho que concordar que a política fica um saco e dá vontade de virar eremita rural e me entocar em alguma roça do interiorrrr de Goiás. É verdade!

Porém, em contrapartida, o destino nos traz folhas de conhecimento em alguma brisa e, numa dessas, ouvi a frase: “o destino daqueles que não gostam e não se envolvem com política é ser comandado por aqueles que gostam e se envolvem”. Chata e direta verdade. Por isso, como bom leonino, logo de cara me incomodou a ideia de não ter o controle sobre minha própria vida e esse ímpeto egocêntrico me faz gostar forçadamente de política. Mentira, eu gosto dessa arte milenar naturalmente. Como ciência.

Isso me faz estudar, por exemplo, um movimento suprapartidário interessantíssimo chamado Pcult – Partido da Cultura. Mas calma! Não se trata de mais uma legenda a te encher a paciência e comer seu cérebro com discursos fanáticos. Trata-se de uma mobilização nacional aberta promovida por produtores, agentes e simpatizantes da cultura de todo o Brasil e que visa chamar a atenção e ganhar o respeito do poder público e candidatos para sua importância e função social. Coisa que ainda não acontece. Quer uma prova? Quem de nós não conhece um músico que, perguntado sobre o que faz na vida, é surpreendido com um: “Tá, você é musico, mas trabalho de verdade você não tem?”. Vou te dar outra prova. Quantos artistas podem trabalhar confiando que terão uma aposentadoria digna, ou mesmo só uma aposentadoria mínima, quando chegarem a melhor idade?

Infelizmente, cultura ainda é adereço nos planos de governo da maioria dos candidatos e esta movimentação do Pcult cutuca os elegíveis, forçando-os a assumir compromissos com o setor. Sabatinas, entrevistas e depoimentos são marcas que não poderão ser apagadas pelos eleitos.
Assim, se você tem um sobrinho persistente que juntou uma merreca para comprar uma guitarra ou um filho que decora todo tipo de rap, mas não aprende o próprio endereço e ainda sonha em se tornar o próximo MV Bill, escolha candidatos que levam a sério este importante eixo da sociedade e que vão investir na cultura não só como bem simbólico, mas como geradora de emprego e renda. E, de preferência, evite quem só decorou o discurso e sequer conhece ou experimentou meia dúzia de expressões culturais do próprio Estado. Esses vão praticar a velha cultura de dizer: “Tá, você é artista, mas trabalho de verdade você não tem, né?”.


Dyskreto
Coordenador da Central Única das Favelas de Goiás (Cufa-GO)

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