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11 de novembro de 2010

Tu tem o pé Rachado? Te faço um desafio!

É bão estar de volta galerinha, pois na quinta passada meu parceiro Fabrício Nobre mandou o papo reto sobre a prioridade da cultura, texto ótimo por sinal. Hoje estou aqui para falar sobre Hip Hop, porém mais que isso. Vim falar sobre sua função social além da cultura, sobre seu poder mágico de dar identidade a uma juventude geralmente lascada na vida. Uma frase me marcou e cabe muito bem diante do que eu quero falar, ela é assim: há pessoas que jamais venderiam a alma, mas a daria de graça por uma bandeira. Fantástica essa verdade, pois mostra que precisamos mais do que dinheiro, queremos reconhecimento, buscamos prestígio na vida, precisamos da sensação de pertencimento, só assim aprendemos a amar a cultura local e a valorizá-la.

Daí fica a pergunta, como amar a cultura goiana se ela esta tão longe da nossa realidade? Se ela não contempla a arte considerada marginal e que eu pratico? Como se sentir contemplado por essas políticas culturais se elas, no momento, só contemplam uma fatia “seleta” da sociedade? Cultura é povão também minha gente! Lembra do que falava o grupo de rock Titans? “A gente não quer só comida, a gente quer comida, diversão e arte”. A geração Restart ficou perdida agora. Haha.

Ainda é injusta a luta por um lugar ao sol, por exemplo, no cenário musical enquanto mercado. O sertanejo, o forró, e o novo rock pop emo dominam as paradas e sobrevivem dentro da lógica comercial, o Hip Hop não. Ainda é um patinho feio querendo se tornar cisne. Por isso existe uma luta sendo travada para que os artistas melhorem seus trabalhos, busquem evolução em por outro lado, para que o poder público entenda o potencial popular dessa linguagem e abra a mente e, por que não dizer, o bolso para alavancar este gênero. E parece que surgiu uma luz no fim do túnel, apesar de estar sendo no estilo Capitão Nascimento de ocupar espaço, na porrada. É legal saber que hoje o novo governador sabe que existimos e, o que é melhor, por ter comparecido a uma sabatina pré-eleição onde assumiu compromissos e ouviu a classe. Já é um avanço né? Para quem só rodava a cabeça no chão e tomava porrada da polícia, espero que um tempo novo comece para nós também. É esperar para ver.

Na mídia também, a coisa parece estar melhorando um pouco, um pouco viu gente? Não muito. Hoje acho muito interessante a molecadinha ligar a TV para ver a novela infinita Malhação e ver o rapper MV Bill como ator na trama. Isso mesmo, um rapper, mostrando que com qualidade o hip hop pode ocupar espaços no mainstream da indústria do entretenimento. Diante de tudo isso amigos e amigas, no próximo domingo, dia 14, faço um desafio a você: disponha-se a conhecer uma coisa chamada novo Hip Hop dentro de um festival super organizado, com segurança, conforto, estrutura e qualidade artística. Leve sua mãe para ela ser o seu termômetro de quebra de paradigmas, pois não iremos sair xingando nas músicas e nem fazer cara feia. Estou falando do Pé Rachado Festival, o maior festival do gênero do Estado de Goiás. Lá eu quero te apresentar um Rap inovador, cheio de artistas positivos, ideias impactantes e divertidas, com conteúdo capaz de transformar opiniões.

Este é o desafio, fazer você redesenhar sua visão sobre aqueles jovens de roupa larga, que desenham os muros, que dançam nas praças, que cantam suas rimas de improviso, que jogam basquete de rua, e que parte da sociedade considera maloqueiros. Lá você vai entender que o respeito é chave para um convívio pacifico, plural e divertido. Imagina só, rap com teatro, com artistas de circo, os desenhos do graffit, os movimentos do break dance, dentro de uma roda formada pelo público. É simplesmente empolgante!

Aí, se no final do evento sua mãe disser que aquilo tudo é coisa de mala, então eu perdi. Agora se quando você perguntar “E aí mãe, o que achou?”, ela responder: “PÉ RACHADOOO sinissssstro mano! Guentae filhão, segura meu boné que eu quero entrar curtir o show do Ivo mamona”, ai eu levei. Aceita o desafio?

Dyskreto é rapper, ativista cultural e coordenador da Central Única das Favelas de Goiás  (www.twitter.com/Dyskreto)

*Artigo publicado no DM Revista do jornal Diário da Manhã, edição de quinta-feira, 11 de novembro de 2010.

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