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19 de novembro de 2010

Uma noite memorável

Foi domingo, um domingo dono daquelas tardes que não são ensolaradas e nem nubladas, clima bom. O universo parecia conspirar a favor e anunciar uma grande noite, a noite do maior  festival de Hip Hop de Estado de Goiás, o PÉ RACHADO FESTIVAL. Posso fazer tipo no filme Tropa de Elite e começar a narrar pelo final e depois desenrolar toda a história, para o espectador achar que já sabe o The End. Vamo lá então. Visualize, gente voltando a pé pra casa, em silêncio, olhar cabisbaixo, nostálgico, de saudade talvez. Cena triste? Só parece, vai vendo agora a trama desse filme.

Cena um: abrem-se os portões e os mais ansiosos compram seus primeiros ingressos, tomam a fila e entram no templo, na arena da festa, impecável por sinal. Limpa, bonita e decorada. Banners modernos, conforto na área de alimentação, boa comida, yakisoba em evento de rap? É, quebrando até os preconceitos gastronômicos.

Logo de cara fiquei muito feliz, pois os primeiros a entrar foram um homem de meia idade, sua esposa e seu filhinho de no máximo 8 aninhos, por sua vez animado e com os olhinhos ligados em tudo. Poxa vida, será que estamos conseguindo atrair as famílias? E ainda superar aquela imagem carrancuda e anti-social que as pessoas tem do Hip Hop? Seja como for, parte da minha noite estava ganha.

Os primeiros a se apresentar foram os grupos selecionados pelo site www.toquenobrasil.com, uma via democrática de descolar um espaço para mostrar seu talento. Em seguida, o Bonde do China, goianos do pé rachado quebraram tudo no palco do Yguá! Ali deu para sentir o que viria pela frente. Arcanjo Ras, de São Paulo, fez o show mais dançante da festa, dancehall do bom! E, de repente, risadas saiam de dentro do teatro Pyguá. Risadas em show de rap, quem diria! Era o pessoal do FAVELHAÇO um grupo de palhaços atores que apresentaram uma cena super engraçada sobre os estereótipos do hip hop, "matando de rir" quem estava presente.

Então é chegado um dos momentos mais esperados da festa, a entrega do PRÊMIO PÉ RACHADO, os 10 melhores do ano, 10 categorias dentro do hip hop que iriam consagrar 10 vencedores diante de um público ansioso. Eis que entra a estrela da festa Nega Gizza, para anunciar os vencedores e entregar os troféus. Prêmio por prêmio cada um ia mostrando sua alegria e satisfação e como não podia faltar, alguns se comportando com a imaturidade de sempre, mas tudo dentro do previsível.

Nascia ali o maior prêmio de Hip Hop de Goiás. A magia estava no olhar dos adeptos do hip hop, comentando uns com os outros: no ano que vem eu vou ganhar! Isso foi o melhor, pois o cenário vai começar a se movimentar por si só. A molecada finalmente influenciada por algo positivo dentro do hip hop, fugindo das brigas e falações que não levam a nada. Esse é o novo hip hop, com garotas bonitas vestidas como garotas, ao invés de vestidas como manos, de gente sorrindo, novo público, e não só rapper cantando para rapper, e, finalmente um Festival de qualidade reconhecida.

Já estou com saudade e pilhado e pensando em como fazer no próximo ano, foi suado, demos o sangue e se me perguntarem eu vou dizer, faria tudo de novo, alias, faremos. Parabéns ao Hip Hop!

Dyskreto é rapper, ativista cultural e coordenador da Central Única das Favelas de Goiás  (www.twitter.com/Dyskreto)


*Artigo publicado no DM Revista do jornal Diário da Manhã, edição de quinta-feira, 18 de novembro de 2010.

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